Irã e Grupo 5+1 realizam 1ª jornada de negociações nucleares
Genebra, 6 dez (EFE).- O Irã e os países do Grupo 5+1 concluíram nesta segunda-feira em Genebra a primeira jornada de negociações sobre o polêmico programa nuclear iraniano, após um ano de interrupção, e acordaram continuar as conversas nesta terça-feira.
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Pouca informação foi divulgada sobre a reunião, que foi marcada pela tensão após recentes eventos - como os atentados contra dois cientistas nucleares iranianos, que Teerã atribui ao Ocidente - e após o anúncio deste domingo de que a República Islâmica conseguiu produzir seu primeiro lote de concentrado de urânio (yellowcake), que serve de base para a produção de urânio enriquecido.
Fontes ligadas às delegações participantes revelaram que durante a manhã ocorreu um sessão plenária entre Ashton, o negociador do programa nuclear iraniano, Saeed Jalili, e representantes do chamado grupo 5+1, os membros permanentes do Conselho de Segurança (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China) mais a Alemanha.
Nela, de acordo com fontes iranianas, Jalili citou o assunto dos atentados - nos quais morreu um dos cientistas e que o Irã atribui a serviços secretos do Ocidente.
Segundo uma fonte próxima ao encontro disse à Agência Efe, "a obra de teatro permitiu esta manhã que cada ator expusesse sua posição" e cada parte ressaltasse suas posições.
Após isso, começaram as reuniões bilaterais das quais nada se sabe, embora fontes diplomáticas tenham indicado que houve um enfrentamento entre Jalili e o negociador dos EUA, William Burns, secretário de Estado adjunto para Assuntos Políticos.
Entre as poucas declarações ouvidas pelos jornalistas, fontes iranianas asseguraram que a jornada foi "construtiva", mas não foi divulgado o conteúdo do tratado.
As negociações foram retomadas após 14 meses de interrupção, no que constitui a terceira reunião organizada em Genebra para tentar buscar uma solução para o litígio nuclear iraniano.
Após uma primeira reunião, em julho de 2008, as negociações realizadas em 1 de outubro de 2009 entre o então alto representante da União Europeia, Javier Solana, e Jalili, terminaram com indícios de desbloqueio.
Solana anunciou, então, que havia começado um intenso processo de negociações, enquanto os iranianos prometeram uma visita da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) à central de Qom e foi acordado que uma parte do urânio iraniano devia ser enriquecido em outros países.
O Irã reafirmou a posição de defender seu direito à tecnologia nuclear com fins pacíficos, mas nos meses seguintes anunciou a construção de novos centros de enriquecimento de urânio.
Os ocidentais propuseram ao Irã que eles mesmos enriquecessem o urânio iraniano a um nível compatível com um reator nuclear para fins civis, uma oferta rejeitada e que, supostamente, seria apresentada novamente nesta segunda-feira.
Em fevereiro, o Irã ignorou as advertências da comunidade internacional e começou a enriquecer urânio a 20%, o que levou o Conselho de Segurança da ONU a impor novas sanções.
Grande parte da comunidade internacional, com Estados Unidos e Israel na liderança, acusa o Irã de ocultar, sob seu programa nuclear civil, outro de caráter clandestino e alvos militares a fim de conseguir um arsenal atômico, uma alegação rejeitada por Teerã. EFE
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