sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Bactérias digerem metano do vazamento do BP em tempo recorde

Fenômeno contradisse previsões de que gás permaneceria no mar do Golfo do México por muitos anos

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Foto: AP
Imagem de maio de 2010 mostra mancha deixada por vazamento de petróleo no Golfo do México
O acidente na plataforma de petróleo Deepwater Horizon, controlada pela BP, em abril do ano passado no Golfo do México resultou num enorme desastre ambiental e também em uma descoberta que intrigou cientistas e que pode contribuir para previsões sobre as mudanças do clima.
De acordo com estudo, as 200 mil toneladas de metano liberadas nas águas do Golfo foram digeridas por bactérias em apenas 120 dias. A descoberta feita por pesquisadores da Universidade da Califórnia e Texas A&M é relatada em estudo publicado hoje no periódico científico Science.
Em junho de 2010, a equipe de pesquisadores das universidades realizou a primeira expedição pela região do acidente e encontrou metano nas águas profundas do Golfo do México acima do solo marinho. Neste mesmo mês foram medidos os índices de consumo de metano por bactérias. A conclusão dos pesquisadores na época era de que o gás persistiria por muitos anos naquela área.

Porém, nas três expedições subseqüentes, o cenário mudou. “Entre agosto e outubro, nós tivemos mais três expedições e descobrimos que todo o metano foi consumido por bactérias em apenas 120 dias”, disse ao iG John Kessler, professor do departamento de oceanografia da Universidade Texas A&M, que participou do estudo.
O grupo de pesquisadores sugere que houve aumento muito grande na população de bactérias (Methylococcaceae, Methylophaga e Methylophilaceae), que transformam o gás metano em gás carbônico. “Elas não foram detectadas em nossa expedição de junho e a população cresceu 36% até o mês de setembro”, disse.
Kessler avalia que o rápido consumo do gás tem duas implicações diferentes. “O metano corresponde a 30% do peso do material despejado na tragédia e agora podemos dizer que este material foi consumido e não está mais nas águas do Golfo. Outra questão importante é que a liberação natural de metano por fendas do solo marinho, que não tem capacidade de influenciar as mudanças climáticas”, disse.

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